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Conheça a rotina de Ivorá, cidade com a menor população da Região Central do Estado

Situada a cerca de 50 km de Santa Maria, Ivorá é o município com a menor população da Região Central do Rio Grande do Sul. Por lá, atualmente, vivem 1.929 pessoas, conforme o último Censo Demográfico, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fundada em 9 de maio de 1988, quando se emancipou de Júlio de Castilhos, desde a data de criação, a cidade vem registrando queda no número de habitantes. Embora os dados demonstrem que a população do município está ficando cada vez menor, quem decidiu continuar morando em Ivorá compartilha o sentimento de apreço pela terra em que nasceu, prioriza a tranquilidade do Interior e preza pela segurança.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Antes de chegar em Ivorá já é possível perceber que os morros fazem parte da paisagem e cercam a cidade. Logo na entrada, uma destas colinas avistada chama a atenção: o Monte Grappa, que leva o mesmo nome de um famoso monte da Itália. A conexão entre o município gaúcho e a Europa não é por acaso, pois Ivorá foi colonizada por italianos, tendo, assim, a maioria da população descendente destes imigrantes.

Ao adentrar mais pela cidade, observa-se a Praça Central, que ocupa um quarteirão inteiro cercada por arborização com monumentos, espaço infantil e quiosque. Ao contrário das grandes cidades, em que multidões de veículos e pessoas espalham-se pelas ruas, em Ivorá, a sensação é aquela típica de interior, com pouca movimentação e muita calmaria. Quem transita pela rua se conhece e conversa ali mesmo, sem ter preocupação com barulho, correria ou engarrafamento.

A tranquilidade é tanta que até os barulhos são escassos. Por volta das 11h desta sexta-feira (30), como é costume, o que interrompeu a quietude para animar o dia, foram as canções provenientes da Igreja Matriz, que se espalharam por toda a cidade durante 10 minutos.


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Essas são algumas das características locais que levaram famílias a permanecer no município, como a da professora aposentada Zelia Bellinaso, 83 anos:

– Minha família toda morou em Ivorá. Gosto daqui, é minha terra natal. Os filhos, claro, estudaram e saíram para fazer o Ensino Superior e, agora, moram longe. Mas, aqui é muito bom (de morar). É calmo, tranquilo, conhecemos todo mundo e não tem problema de roubo e assalto. É uma cidade linda, muitos turistas vêm para cá porque tem muitas belezas naturais, como cascatas, trilhas e montanhas – conta Zelia.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

A paisagem natural, de fato, é um dos diferenciais. No centro de Ivorá, ao olhar para qualquer direção, encontra-se vegetação em abundância, já que o município é rodeado por montanhas. Em volta da Praça Central, localizam-se a prefeitura, a Igreja Matriz, o museu do senador ivorense Alberto Pasqualini, algumas residências e o comércio.

Nesta parte da cidade, na única lotérica, que fica no mesmo espaço de um dos mercados mais antigos de Ivorá, trabalha Luana Cargnelutti Zancan, 33 anos.

– Em comparação com cidades maiores, como Santa Maria, é mais tranquilo o movimento na lotérica. (As pessoas vêm para) pagar contas, fazer recarga. Gosto de trabalhar aqui e estar em contato com as pessoas. É como se eu tivesse em casa, como se fosse uma família também – relata Luana.

No pouco tempo que a equipe do Diário transitou pelo local, todos afirmavam que morar em Ivorá é muito agradável, inclusive, Luana:

– A qualidade de vida é maravilhosa. Não pretendo sair daqui. Tenho duas filhas, uma delas tem 3 anos, então, como vou me mudar para uma cidade maior se aqui ela pode brincar na praça, eu posso deixá-la solta, sem precisar ficar trancada em um apartamento?. Aqui não tem assalto, as casas e os carros ficam abertos. O principal (motivo para ficar) é a segurança. Não quero ir embora de Ivorá porque acho que não tem lugar melhor para viver.

Um panorama da população de Ivorá

Em 31 anos, Ivorá perdeu cerca de 25% da população, o que corresponde a 634 moradores. Uma grande parte da redução da população (10,53%) aconteceu nos últimos 12 anos, entre 2010 e 2022. Isso é demonstrado pelos dados do IBGE. Enquanto naquele ano, a cidade contava com cerca de 2,5 mil habitantes, hoje, são por volta de 1,9 mil pessoas que vivem no município em 916 domicílios.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

A população de Ivorá nos últimos 31 anos

  • 1991 – 2.563
  • 2000 – 2.495
  • 2010 – 2.156
  • 2022 – 1.929

*Dados do IBGE

Assim como é comum em outros lugares do país, a população de Ivorá, além de encolher, também envelheceu desde a fundação da cidade. Atualmente, cerca de 60% dos moradores são aposentados e as taxas de nascimento são baixas. Conforme o prefeito Saulo Piccinin (PT), esses podem ser alguns dos fatores que explicam a redução no número de habitantes ao longo do tempo.

– Em 35 anos, sabemos que muita coisa mudou, muitas pessoas que ajudaram a emancipar o município não existem mais. Algumas famílias sabemos que saíram de Ivorá e foram buscar a vida em outros municípios. Mas, o nascimento de crianças aqui é muito baixo. Como temos uma população mais idosa, temos muitas perdas por falecimentos também – detalha o prefeito.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Ainda de acordo com Piccinin, hoje, para manter os jovens na cidade ou para atrair mais pessoas dois caminhos são possíveis. Um deles é o turismo, impulsionado recentemente e ganhando mais força com o reconhecimento do Geoparque Quarta Colônia pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Outra possibilidade, conforme o prefeito, é o investimento de empresas no distrito industrial de Ivorá, o que foi facilitado, por exemplo, com o asfaltamento da ERS-348.

Esses investimentos também podem viabilizar mais desenvolvimento para a cidade. Atualmente, a economia tem como base a agricultura e a pecuária. Hoje, segundo Piccinin, Ivorá tem uma arrecadação de cerca de R$ 20 milhões, sendo que em torno de 60% é proveniente do próprio município, o restante vem de contrapartida do governo federal. Outra fonte para recursos são as emendas parlamentares.

– Hoje, para termos recursos para investir, temos um Executivo muito enxuto, às vezes, tendo dificuldade de fazer os trabalhos acontecer por falta de mão de obra. Nós temos que economizar muito, mas, claro, sem deixar de investir uma parcela na nossa população – afirma o prefeito.

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